“Ousar estabelecer limites é amar a nós mesmos mesmo quando nos arriscamos a desapontar os outros” – Brené Brown
Esta foto com ares conceituais teve inspiração de uma experiência clássica da terapia bioenergética: a exploração do nosso senso de fronteira, limite e espaço pessoal. Não há como ter coragem para buscar e lutar por um modo de vida e relações mais satisfatórias se não temos enraizado em nós a segurança de quem somos e um bom senso de nossas fronteiras pessoais. Fronteiras, não muralhas. Fronteiras maleáveis, que nos permitam ter uma troca sadia com o mundo sem nos trancarmos em anestesia e nem nos sentirmos invadidos a todo o momento pela carga do outro, pela carga do mundo.
Neste laboratório relacional que é o consultório de Análise Bioenergética, podem-se criar oportunidades e situações para trazer à tona estes temas. A própria relação com o terapeuta se torna um instrumento que permite atualizar e reparar traumas relacionais. Mas como isso funciona?
Nesta visão terapêutica que apresento, partimos da ideia que só é possível ter uma real apreensão de nossos temas e questões de fronteiras e limites através da energia do corpo em relação. Um exemplo de uma experiência (dentre várias) que pode facilitar este contato: a partir de certa distância, como a de paredes opostas do consultório, terapeuta e cliente em pé estabelecem contato. O cliente observa e sente esta distância, e repara como este espaço em relação ao outro o mobiliza. Então, como num segundo momento e com a devida autorização, o terapeuta lentamente inicia uma aproximação, caminhando devagar em direção ao cliente, dando tempo e espaço para que esta nova relação com o outro e com o espaço possa ser percebida. No momento que o cliente sentir algum desconforto com aproximação, pede-se que estenda as mãos com as palmas erguidas para frente, e como se colocasse um limite vocalize em voz alta dizendo: Não!, e o terapeuta para e observa-se o espaço, a distância, as sensações. Cada pessoa tem uma resposta diferente, que fala sobre o seu senso de conforto e espaço pessoal, e também quão poroso ou rígido é seu senso de fronteira. Muitas vezes, esta experiência por si só já mobiliza e trás conteúdos e insights profundos.
O “não” tem uma função estruturante na nossa organização emocional. É notório o fato de como crianças aprendem a falar o “não” muito antes do “sim”, e justamente num período do desenvolvimento, em torno dos 2 anos de idade, que estão testando sua autonomia, aprendendo a andar e a reconhecer o espaço ao seu redor. A capacidade de sentir o “não” e ter o “não” respeitado fala diretamente sobre nossa capacidade de nos sentir autônomos e independentes, ou ainda, com uma dependência sadia em relação às principais figuras de apego (figuras parentais) e na vida adulta as principais relações afetivas que estabelecemos. E ainda: se não reconhecermos nossa capacidade de dizer “não” e estabelecer bons limites, também estaremos prejudicados em nossa capacidade de dizer “sim”: uma capacidade é construída a partir da outra; a “verdade” da nossa capacidade de dizer não reflete na inteireza com que conseguimos dizer “sim” para a vida.
Respeitando, sentindo e reintegrando nossos limites e bom senso de fronteira, para estarmos seguros e corajosos para dizer “sim” à vida: assim é o caminho bioenergético.
Ugo Luna
Psicólogo Clínico – Psicoterapeuta Corporal
CRP 05/47031
Telefone / Whatsapp: (21) 99603-6740
E-mail: ugoluna.psicologo@gmail.com
Atendimentos:
Rua Leopoldo Miguez, 76 – Copacabana / RJ
(Próximo à Estação de Metrô do Cantagalo)