Em tempos de pouca empatia e falta de comunicação real, sinto-me impelido a explorar o tema da relação entre o auto-cuidado e o cuidado com o outro, a partir de uma compreensão da importância de nossas fronteiras psíquicas e somáticas em nossas relações. ⠀
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Opinião: todo cuidado ao próximo começa com o auto-cuidado. Lendo rapidamente dessa maneira pode parecer óbvio, mas na prática reparo que não é. Não só porque o cuidado de si é uma arte a ser refinada durante toda a vida, mas a capacidade empática de sintonizar com a necessidade do outro é uma habilidade emocional que poucos parecem entender, menos ainda praticar. ⠀
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Já elaborei por aqui como o auto-cuidado está associado a uma percepção sadia dos contornos de si, do próprio corpo em sua riqueza de sensações e necessidades. Esse senso de contorno é fundamental não só para cuidar de si, estar atento às próprias necessidades, mas também na dinâmica da empatia, podendo sintonizar com a necessidade do outro. Nesse sentido nós “vazamos” ou “transbordamos” quando não percebemos nossas fronteiras em relação ao mundo e ao outro, impondo nossas necessidades e fantasias ao próximo sem enxergar o outro de fato, ou absorvendo uma carga que não é nossa sem enxergar a si próprio. Ambas são formas de perder-se de si.⠀
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Empatia é a habilidade de “sentir com”, estar afetivamente presente sem se misturar, podendo escutar a própria voz e a voz do outro num ir e vir relacional, possibilitado por fronteiras sadias. Em sua ausência, reparo duas tendências: “sentir nada” ou “sentir tudo”- anestesia e hipersensibilidade. Por uma falta de contorno, atropelo: coloco a vida alheia em risco em atos de irresponsabilidade, “sinto nada”. Por uma falta de contorno, absorvo: revivo minhas dores através do outro, “sinto tudo”. Ambas formas de perder-se de si, falta de escuta-de-si, e assim não podendo estar presente com o outro. ⠀
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Creio que, no melhor dos casos, vivemos num momento de resgate de si para poder cuidar do outro. Já conhecemos as atitudes daqueles que atropelam os outros, -vândalos do lugar-comum-. Mas e aqueles que ainda sentem alguma coisa? Empatia só é possível com contornos. Você tem cuidado dos seus?
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Ugo Luna
Psicólogo Clínico – Psicoterapeuta Corporal
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